quarta-feira, 13 de outubro de 2010

O Círio Profano

Além das lindas e arrepiantes procissões já narradas pela minha companheira de jornada, o fim de semana do Círio de Nazaré também é recheado de homenagens culturais à Nossa Senhora de Nazaré. São manifestações artísticas profanas, que de tão tradicionais já integram a agenda oficial na programação da Festa de Nazaré.

Na sexta-feira, dia 08, vimos pelas ruas do bairro da Cidade Velha (berço de Belém) um cortejo muito colorido, com trio elétrico, alas fantasiadas, coreografias e um samba cantado por uma multidão. Mas não, não era desfile de escola de samba: era a história do Círio de Nazaré contada e cantada pelo grupo de teatro da Universidade Federal do Pará (UFPA) com um elenco gigantesco que inclui atores profissionais, artistas de circo e moradores comuns. Tal como uma via sacra na época da Páscoa, o Auto do Círio percorre "estações" onde há palcos montados para que sejam encenadas etapas da história; e durante o percurso entre um palco e outro, o cortejo canta músicas de ritmos regionais do Pará e da Amazônia.

Na chegada à última estação, o Auto do Círio 2010 trouxe para a apresentação final a participação especial de Dominguinhos do Estácio, atual intérprete da escola de samba carioca Imperatriz Leopoldinense e declaradamente devoto de Nossa Senhora de Nazaré. Dominguinhos cantou o samba-enredo 2010 da sua escola. Como, infelizmente, nossa câmera estava descarregada, essa foto não é de nossa autoria e foi caçada no Google, ok?


A Imperatriz é um mar de fiéis
No altar do samba, em oração
É o Brasil de todos os deuses
De paz, amor e união

O sábado foi o dia mais cheio e massacrante. A programação era muito divertida mas o fato de estarmos carregando mochilas pesadas e bolsas de equipamento, vestindo um colete lindo porém muito preto e muito quente (não nos pergunte por que não fizemos com uma cor clara porque a resposta é óbvia: não temos tempo de lavar - credo) tirou todo o glamour da coisa.

Depois de acompanharmos a saída da Romaria Fluvial, pegamos a estrada de volta a Belém para pegar a chegada da Santa no Ver-O-Peso. De lá, ele seguiu com a moto-romaria de volta à Basílica Santuário e nós seguimos na concentração do Arrastão do Círio, organizado pelo grupo cultural Arrastão do Boi Pavulagem.

Logo na chegada da imagem da Virgem de Nazaré após a Romaria Fluvial, eles prestam homenagem à santa com uma queima de fogos e a canção Vós Sois o Lírio Mimoso (hino de N. S. de Nazaré) cantada em ritmo de toadas de boi. Logo que a moto-romaria sai levando a santa, o Arrastão começa o percurso de duas horas em direção à Praça do Carmo, na Cidade Velha. Tal qual o Auto do Círio, é um cortejo marcado pela participação de alas e grupos musicais regionais, e é repleto de um colorido encantador.



O mais divertido de participar do Arrastão é poder participar da forma como achar melhor. Algumas pessoas levam brinquedos de miriti para serem agitados ao refrão das músicas, outras saem com chapéus enfeitados de fitas coloridas e outros ainda carregam bandeiras, que podem ser do time do coração, do partido político, da associação para a qual trabalham... É um espaço livre para saudar a cultura amazônica e valorizar a identidade de cada um.

Na chegada à Praça do Carmo, o espetáculo é ainda mais lindo, pois o palco montado à espera do cortejo recebe a banda oficial do Arrastão do Pavulagem e, debaixo do sol de 39°C as pessoas cantam e dançam toadas de boi-bumbá com coreografias lindas. Uma pena que não tínhamos tempo para ficar e desfrutar o espetáculo, e apesar de estar só na metade do dia, o pé da Rose já estava em situação de inchaço grave, e nossas mochilas estavam eternizadas pela marca de sol em nossas costas.

Depois de um almoço rápido e um banho demorado, mal tivemos tempo para esticar as canelinhas e já tínhamos compromisso marcado. Teatro Waldemar Henrique, Praça da República, para cobrir a preparação para a Festa das Filhas de Chiquita. O anfitrião do espetáculo, o artista e GAY (ele fez questão!) Eloy Inglesias, permitiu que acompanhássemos a sua produção especial para o momento da festa, que começa logo após a passagem da procissão da Trasladação - que leva a imagem de Nossa Senhora até a Catedral da Sé, para a saída do Círio na manhã seguinte.



A festa fica lotada e muito animada, com performance de artistas locais e drag queens convidadas para animar a noite. Há também entrega de prêmios para personagens que se destacam no cenário local, regional e nacional. O estilista paraense André Lima que anda abafando por aí abocanhou o maior prêmio da noite - o Veado de Ouro - e o maquiador Nelson Borges que vocês veem na foto acima ganhou o prêmio de Visagista do Ano pelo reconhecimento do seu excelente trabalho. DUVIDA? Confere aí, mas fica de olho NA SANTA hein. Nada de secar o boffy.



Ai ai.

;)

P.S: um beijo especial para a equipe de Eloy Iglesias que nos recebeu com toda atenção e nos disponibilizou camisetas e segurança para auxiliar nas filmagens. Vocês são LUXO.

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